sexta-feira, 10 de setembro de 2010

É Preciso Trabalhar!


Por Conrado Malaquias

Um sábado a noite desses, precisava sair de casa. Eram quase 22 horas, o tempo estava passando e todos os meus amigos ou estavam bundando ou já tinham arrumado outros programas no estilo clássico de Brasília: cineminha ou barzinho. Aprecio um bom filme e uma cerveja com os amigos como qualquer pessoa de bem, mas neste sábado eu precisava de um programa, digamos, mais rock n’ roll, já que tinha acabado de entrar de férias depois de semanas estressantes na faculdade e no trabalho.

Quando já estava me preparando para assumir a derrota e fazer a triste escolha entre Playstation, Legendários e Zorra Total, eis que descubro que um amigo meu que trabalha fora estava em Brasília e tão mal-intencionado quanto eu. Este amigo, P.J, não é daqueles que eu saio sempre, mas sempre que eu saio com ele é para fazer algum programa que eu normalmente não faria.

Fomos desbravar a noite brasiliense então eu, P.J e um terceiro conhecido nosso, que possui o apelido de “Saúde”. Voltaremos a ele depois.

O programa escolhido foi o show do Bruno & Marrone, com abertura de Michel Teló (???) na Granja do Torto (Pra quem queria rock n’ roll...bem-vindos ao cerrado!). Para quem não é de Brasília, a Granja é uma espécie de mini-roça artificial aonde faz muito frio. Em certas épocas, o ambiente também funciona como “casa de shows” para artistas sertanejos.

Cheguei ao local animado, de coração aberto e pronto para conhecer esta realidade, tão popular no Goiás e no Brasil a fora, porque não!? Mas aí eu lembrei que sou um rapaz da cidade e que esta história de mato, chapéu de cowboy, cocô de boi e sofrimento de corno simplesmente não funciona pra mim. E aqui, façamos justiça: muito se fala(ou) dos emos, que são uns frescos, uns chorões. E eles são mesmo, mas em matéria de intensidade e tristeza, uma reunião de CPM22, NX Zero e Fresno é uma tarde ensolarada no parque quando comparado a ouvir Bruno & Marrone cantando “Choram as Rosas”. Sério, próximo do fim do show eu estava me sentindo um pouco deprimido com todo aquele clima...

Minha noite teria sido um desperdício total se não fosse o ocorrido envolvendo ele, O Saúde! Não me entenda mal caro leitor, em tempos em que Justin Bieber é rei, tenho orgulho de fazer parte da última geração de heterossexuais a moda antiga, porém, o cara era realmente bonito. E sabe aquelas histórias que todos nós já escutamos sobre mulheres que chegam nos caras, mas poucos de nós já presenciamos? Pois é, algo impressionante e um pouco revoltante de se presenciar.

Estávamos eu, meu amigo P.J e Saúde conversando, quando uma ninfeta de uns 18 anos, não mais do que sorrateiramente e ignorando a minha presença e a de P.J no local, interrompe a conversa, se coloca no meio da roda, agarra ás suas mãos e pede com toda a suavidade e doçura: “dança comigo?” Saúde, que não estava prestando atenção em muita coisa, com as mãos nos bolsos e aquele ar natural de descolado que esses caras tendem a ter, se faz de difícil: “mas eu não sei dançar!”

Ela responde, toda solícita: “Eu te ensino”

E então eles dançaram e depois de 5 minutos se amaram embalados pelo som de “Dormi na Praça”, “Pra não Morrer de Amor”, “Ficar por Ficar” e outros petardos do estilo bovino-romântico-roçeiro. Eu não sei você leitor, mas o máximo que eu consegui depois de dizer para uma mulher que eu não sabia dançar foi uma expressão de impaciência.

E foi assim, apenas parado ali, curtindo o show e sendo O Saúde que o rapaz fechou este negócio. Pareceu até o que costuma acontecer com...uma mulher!

Mas daí acontece uma reviravolta na trama. Depois de algum tempo de muita conversa e poucas carícias, percebo que a ninfeta começava a demonstrar sinais de insatisfação com o rapaz. Em determinado momento ela se aproxima de mim e declara: “seu amigo fala demais!” Momentos depois, ela avisa O Saúde que iria “ali” com as amigas e que já voltava.


Nunca mais foi vista.

Destaco duas coisas disso tudo. Primeiro, foi bom ver que ainda há um fio de esperança em Brasília. Existem sim mulheres sem frescuras por aqui, que sabem o que querem e vão atrás, mesmo que você tenha que ir buscá-las em um inferninho sertanejo. Segundo, impossível fugir daquele infame senso-comum “deus não dá asa pra cobra, e quando dá, tira o veneno”. A beleza foi suficiente para poupar esforços, atrair e garantir a gatinha. Mas, para mantê-las, é preciso trabalhar! Haja saúde!

6 comentários:

  1. Descobri o blog de vocês esses dias... Já li tuuuuudo.
    Deve ser porque vocês são daqui que eu "me reconheço" em várias histórias.
    Essa do sábado a noite desesperador procurando opções é típica...rs...
    Gostei bastante do jeito despretensioso e leve com que vocês escrevem. Tô me divertindo bastante!!!
    Ps: Pra garota chegar no cara tem que reunir muuuuita coragem... Eu mesma ainda não consegui... Mas conheço meninas que chegam, ás vzs se dão bem, ás vzs tomam fora e partem pra outra, uma das minhas amiga diz o seguinte:
    "Fora não mata, FORTALECE!!!".

    ResponderExcluir
  2. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  3. Ah... Fiz bagunça testando os comentários... dã...

    ResponderExcluir
  4. sertanejo é praga em bsb, restando para as pessoais normais os flamigerados barzinhos...

    ResponderExcluir
  5. Eh, rapaz. O ultimo lugar, que eu pensava em te ver falando que foi, seria a Granja do Torto. Quanta decepcao.

    ResponderExcluir
  6. Aqui em Salvador é bem comum a mulher chegar no carinha. Tô me divertindo horrores com o teu blog e principalmente em perceber como vcs são diferentes dos homens daqui da Bahia.

    ResponderExcluir