quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Desempregado na balada.



By Leonardo Zelig


Uma generosa parcela da população brasileira enfrenta um problema que faz parte do cotidiano tupiniquim há decadas, o desemprego. Muitos falam da falta de oportunidades, outros da falta de qualificação, mas ninguém aborda o dia a dia do desempregado. Existem uma série de fatores que o desempregado tem que administrar durante sua via crúcis em busca de um emprego, como aquela sua tia querida que sempre questiona diante da sua familia inteira se você está trabalhando ou quando seu pai suspira e sussurra triste: “Você já é um homem e não trabalha...Que decepçao...”.

Irritações a parte, o desempregado ainda se aventura a ter vida social às vezes...No meu caso, frequentei alguns lugares aonde abordava a garota e depois de uma conversa banal o papo sempre direcionava para a “pergunta soco no estômago”:

-Você faz o que da vida?

Nocauteado, como o famigerado Vitor Belfort, sempre rolava aqueles milésimos de segundos aonde eu procurava no hard disc cerebral qual seria a resposta mais satisfatória para tal questionamento:

- Sou médico.
-Sou Relações Públicas.
-Sou ator e trabalho na “Malhação”.
-Sou trapezista.

Aprendi na minha modesta experiência de vida, que nesse momento você está fazendo o seu marketing pessoal pra garota. É a hora de vender o peixe, e o peixe, no caso, é você...Romário que o diga.
Falar que você é desempregado corresponde a um tiro no pé, dizer que é estudante não cola e ser evasivo só vai instigar mais ainda a guria a perguntar coisas sobre sua vida profissional (que não há). Uns aconselham a falar “Estou estudando umas propostas bacanas aí” e outros recomendam o manjado “Sou empresário”. No entanto, até os empresários estão sujos devido a maus elementos que se apoderaram da classe empresarial, vide ex-bbbs e a Geisy Arruda.

Abrir o jogo não é fácil, por isso acredito que a bebida sempre traz uma resposta criativa na ponta da língua. Daí vai desde “Sou autônomo” até “Sou baixista da banda do Jorge Vercilo”, como meu amigo Conrado Malaquias profere de vez em quando a seus alvos femininos.

Sempre me recordo do personagem hilário George Constanza, da série fenomenal “Seinfeld”, que costumava inventar para suas paqueras ou que era arquiteto ou que mexia com importação/exportação. Elas quase sempre caiam...Na balada, pra conquistar uma possível ficante, vale ser original e dar a volta por cima. O problema é quando a ficada tem potencial pra se estender para o mundo real, aí o trapezista cai do trapézio, o ator de Malhação é demitido e o empresário declara falência.

Mundo cruel esse...

4 comentários:

  1. A do trapezista é boa!
    Uma vez respondi que era equilibrista (sem sacanagem) pra ver se o cara não saía correndo quando eu falava que fazia REL e trabalhava numa multinacional. E funcionou.

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  2. O problema eh perceber quando eh apenas para uma noite ou tem chance de ir dali em diante, dai o negocio eh dizer q foi demitido e inventar algo engracado em torno disso

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  3. A gente conhece cada profissão na balada..
    E tem algumas que,até hj,não consegui entender a real finalidade. Vivendo e aprendendo..rsrs

    Adorei o texto.(que novidade)

    Beijo meu.

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  4. Hahaha, a partir de 8 de janeiro deste ano comecei a enfrentar este mundo de perguntas sem respostas, bom ela é bem clara, mas é uma vergonha para o orador. Depois que me formei perdi a famosa fala: "-Ah, sou universitário de uma Federal." Agora eu digo que sou formado numa Federal, mas nenhuma menção à alguma atividade lucrativa.

    Por que será que as pessoas perguntam isso numa balada né. som alto gente queredndo gente, ou é uma nova estratégia de recrutamento de empregados ou clientes para um produto com público alvo específico? hehehehe


    Sorte aos que 'estão avaliando oportunidades' (desempregados) assim como eu.

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