Ela e seu namorado de décadas haviam ganhado cortesias de um motel da cidade, uma daquelas promoções “pague 4, foda 8”, ou em linguagem de motel, “pernoitar”. Lá foram eles então aproveitar pra sair da rotina e apimentar a relação.
Foi escolhida a madrugada de domingo para a aeróbica do capeta, e de lá, o casal havia combinado que iria direto para seus respectivos trabalhos/faculdades. Portanto, teriam de ir preparados com mochilas, vestimentas apropriadas e marmita(??) pra começar a batalha da semana que se iniciava.
Depois de encerradas as atividades, banhinho tomado e devidamente vestidos, retiraram o carro da “garagem” e se dirigiram àquela infame cabine (momento interessante, pois se tiver fila, você, ao mesmo tempo em que se esconde pra não ser reconhecido(a), olha discretamente para os carros da frente e de trás esperando dar o flagra em alguém...o que, infelizmente, nunca acontece) para quitar as contas e depositar a chave do quarto. Enfim, procedimento padrão ao sair de um motel, certo? Não dessa vez...
Recepcionista invisível do motel:
- Queridos, alguém esqueceu uma marmita na geladeira do quarto, imagino que seja de vocês né? Querem que alguém venha aqui entregar?
Casal com a cara no chão imaginando a cena que seria a empregada do motel se dirigindo ao carro com uma tupperware na mão:
- Err...então...pode deixar, eu vou lá rapidinho buscar. – Voluntariou-se a metade masculina do casal.
E assim, de cabeça baixa e marmita escondida debaixo da camisa, o mancebo retorna ao carro, encerrando a aventura de um jovem casal pobre e atrapalhado de Brasília.
Motéis, com todas as suas esquisitices e particularidades já são ambientes intimidantes por natureza. Portanto, keep it simple e não seja guloso: deixe a marmita em casa, pois a refeição já é garantida.