quarta-feira, 15 de abril de 2009

Do Baú: O Vidente

Por Conrado Malaquias

Como recordar é viver, a estória desse post foi retirada diretamente do baú do Se Ferrando na Balada. Eu e Leonardo Zelig, personagens principais deste ‘causo’, possuíamos a tenra idade de 16 aninhos (ou 17, whatever) e começávamos a aprender as artimanhas e sutilezas da noite. Mas como vocês poderão perceber, não éramos exatamente fast learners...

A interação ocorreu na saudosa boate TREND, antigo lar da piranhagem-mirim brasiliense. Anos vão, anos vem e a rotina nunca muda: Se você vai a uma dessas boates pra frentex ouvir “I can’t wait for the weekend to begin” ou “promiscuous girl” pela 835414141 vez, você MUST encher a cara!!! A diferença é que nessa fase adolescente, as pessoas tendem a se sentir invencíveis e não sabem exatamente se equilibrar na linha entre, ficar legal para bater aquele papo descontraído com ax gatinhaxx, ou ser referido no dia seguinte na faculdade como “aquele bêbado vomitando na boate sábado”.

Como não somos exceção a regra, já adentramos o recinto chamando urubu de meu lôro e aqui mais uma vez, a rotina não muda: você entra na boate bêbado, você dança sozinho na pista, as pessoas apontam pra você, você leva 10 tocos, o funk começa e pronto...você acha a vítima da estória!

Aqui, a moça, se é que posso chamá-la assim (já já vocês entendem), estava sozinha. O que Zelig e eu fizemos então, vejo hoje como uma versão embrionária (e totalmente ridícula) da co-pilotagem. Não me lembro de quem partiu a idéia, mas ficou combinado o seguinte: O Zelig a abordaria, descobriria seu nome, o que ela faz e se não conseguisse nada mais, seria a minha vez de abordá-la. Mas não como Conrado Malaquias, e sim como: Conrado Malaquias, O VIDENTE.

Dito e feito, Zelig me volta com o seguinte relato: “Olha Conrado, o nome dela é FULANA, ela tem 44 anos e trabalha no Carrefour. Ela é uma daquelas moças que ficam andando de patins.”

Apaixonei!

Espero um tempinho pra não ficar muito na cara e chego na bendita. Com toda a sensualidade possível digo o seguinte: “Olha, eu tava te olhando, e eu senti uma vibração muito positiva vindo de você, tinha que vir aqui...”

“Haha...ta bom...”

“É sério, desde criança eu sinto essas coisas sabe? Não sei se é 6º sentido ou vidência, mais o fato é que eu senti com você!”

“Vidente? Ai ai, essa é nova...”

“Não acredita? Se eu acertar seu nome e o que você faz aí você acredita e rolaria alguma coisa?

“Hmmmm...pode ser”

“Me dá 3 chances?”

E após errar estrategicamente as duas primeiras tentativas, ‘surpreendentemente’ acerto a terceira!

E o resto da história deixo para a imaginação dos nossos poucos, mas bravos leitores...

....

Sim, a tática é boba e infantil. Mas éramos apenas jovens aprendendo o caminho das pedras na selva que são os night clubs. Gosto de pensar que hoje nossos approaches e personagens ficaram mais criativos e sofisticados. Ou não. O que importa é que nos divertíamos bastante naquela época e continuamos nos divertindo hoje em dia.

Enfim, se existe alguma moral nessa história, essa seria: não nos levemos tão a sério.

2 comentários:

  1. Ok, isso é engraçadinho e aceitável para um sixteen-year-old. Mas nao façam isso depois de virar homem barbado. Pelo amor de Deus!

    ResponderExcluir
  2. Boa boa, muito boa!

    Acho que rola ainda hoje sim... hehea

    A questão é que quando a gente fica mais velho a gente passa a experiência para os mais jovens...

    Ah, mas tu com 16 e ela com 44?

    Isso que é chama urubu de meu louro.h heuha

    ResponderExcluir