quinta-feira, 30 de setembro de 2010

A Balada do Pistoleiro.



By Leonardo Zelig


Era mais uma noite de nostalgias na festa oitentista que rolava na capital federal. Pessoas requebrando ao som de Cyndi Lauper, rapazes chegando nas gatinhas com fundo musical garantido pelo Duran Duran e eu a procura de uma jovem senhora que curtisse um mancebo de 22 anos. Como é de praxe em festas do gênero, haveria uma grande surpresa que seria revelada lá pela meia noite, no ápice da festa. Eis que sob um palco montado de forma improvisada, surge o saudoso Serginho Malandro com seu boné de pirocóptero e muita animação para entreter os trintões. Seria reproduzida no palco a “Porta dos desesperados”, antiga atração infantil do Malandro que era transmitida na emissora do homem do baú lá nos idos de 1991/92.

GLU...GLU...GLU...GLU

Ao fim da palhaçada, Sérgio convocou a todos para se dirigirem à pista de dança afim de que casais fossem formados. Uma seleção de baladas que iam de “Take my breath away”do Berlin até “Save a Prayer” do Duran Duran explodiram nos alto falantes e pessoas de rostinhos colados procederam a dança do acasalamento madrugada adentro. Eu, rapaz de 22 anos, avisto uma nobre garota, de talvez seus 36 anos, olhando fixamente para mim...Shall we dance?

Eis que já posicionado e com rosto pregado ao da garota, num timing perfeito, ecoa no ambiente a voz potente e arrepiante da Senhora Tracy Chapman:

“Sorry
Is all that you can’t say (…)”

“Baby, Can I hold you”,
hit inesquecível da cantora norte americana, começa a tocar na festa e a minha recém acompanhante cochicha ao pé do meu ouvido:

-Dancei muito ao som dessa música na minha adolescência! – Diz ela sussurrando.
-De fato...Uma bela música pra se curtir a dois. – Respondo.
-Dancei e também beijei muito ao som dessa baladinha lá em Porto Alegre.Me traz tantas lembranças... – Ela conclui demonstrando saudade daquele tempo...
-Bacana...Você beijou muito gaúcho dançando “Baby, can I hold you”, certo? Mas, já beijou algum brasiliense com fundo musical de Tracy Chapman? – Pergunto malicioso.
-Nunca... – Responde ela com sorriso malicioso.
-Quer experimentar?

“Words don’t come easily
Like sorry
Like sorry (…)”


Inevitavelmente nos beijamos. Sem frescuras ou sem preliminares, as trintonas sabem o que querem e vão direto ao ponto. Em um ambiente regado a estímulos oitentistas, de saudosimos, fiz a minha trintona se remontar à sua tenra adolescência. Pode ser que ela estivesse projetando em mim a saudade daquele tempo, da fase que não volta mais. De qualquer forma, fiquei feliz em servir de estímulo pra que ela se lembrasse de que ainda estava viva a faísca da juventude nela. A troca de experiências foi intensa, prova viva de que uma noite com Serginho Malandro e Tracy Chapman, combinação aparentemente indigesta, pode render muito mais do que você imagina...

“But you can say baby
Baby can I hold you tonight
Maybe if I’d told you the right words
At the right time
You’d be mine”

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Amizade Homem/Mulher: A Verdade (E Somente a Verdade)

Por Conrado Malaquias

Nas últimas semanas, em conversas com amigos e colegas de classe, fui ofendido, chamado de machista, imaturo e outros adjetivos desagradáveis, tudo isso porque defendia firmemente a posição de que é impossível existir uma amizade sincera entre homem e mulher.

Em meio aos muitos “que absurdo!”, “você precisa crescer” e “sinto muito que você pense assim” vindos, em sua maioria, de coleguinhas feministas cinquentonas, sabem o que eu não ouvi? Argumentações racionais e exemplos concretos que me mostrariam o contrário. E sabem por que não ouvi tais argumentações e exemplos? Porque eles seriam fracos e facilmente rebatíveis!

Como homem, solteiro e aproveitando este espaço que sempre foi sincero ao discutir assuntos relacionados aos percalços dos relacionamentos entre homens e mulheres, tentarei destrinchar aqui, pra você mulher, alguns pensamentos aleatórios envolvendo este interminável e polêmico assunto. Acompanhe.

Pra mim, a premissa-mãe que rege todas as pseudo-amizades entre seres do sexo oposto é: AMIZADE ENTRE HOMEM E MULHER SÓ É POSSÍVEL QUANDO A MULHER NÃO TEM INTERESSE NO MANCEBO.

No momento em que você, mulher, começar a mudar minimamente seu comportamento perto de seu grande “amigo”, fizer uma piadinha de duplo sentido, rir mais demoradamente de uma piada contada por ele, der aquele olhar 0.1 décimo mais demorado, mesmo que por engano, sinto muito, mas seu mancebo “amigo”, que já tinha pensamentos impróprios com você, irá tentar encontrar maneiras de torná-los realidade.

Vai começar com conversas estranhas e elogios insólitos no msn. “Você tava gata hoje ontem no bar ein!?” “Brigada, hehehe”. E depois, do nada, vai evoluir para convites para sair que você irá classificar como “nada a ver”. “E aí, bora marcar um cinema (ou lanche, sorvete...enfim, qualquer coisa mais ou menos romântica, tradicionalmente feita a dois)?” “Claro, vê aí com o pessoal que dia é melhor!”

É isso mesmo mulheres, 90% das amizades com o sexo oposto só existem porque vocês não querem pegar seus amigos! Ou vocês realmente acham que o seguinte diálogo tem alguma verossimilhança?

Marcão...tem um tempo que eu queria te falar uma coisa, to afim de você...

Julinha, você ta confundindo as coisas. A gente é só amigo!”

Dá um tempo né!?

Se esse diálogo fosse real e Marcão dispensasse a gata da Julinha assim, friamente, seriam grandes as chances de Marcão ser uma biba loka! Portanto, se você mulher, discordou de tudo que eu falei até aqui e orgulhosamente anuncia com toda a certeza que tem uma amizade masculina, muita calma e, antes, CONSIDERE SERIAMENTE A POSSIBILIDADE DO SEU “AMIGO” SER HOMOSSEXUAL. Hoje em dia, ela é cada vez mais real.

MULHER DE AMIGO MEU É HOMEM, MAS SÓ SE O AMIGO MEU FOR MUITO AMIGO MESMO. Homens verdadeiramente de bem nunca considerarão a possibilidade de mexer com ex de seus melhores amigos, mas se o mancebo for apenas um conhecido, ou um “cara que você estudou no ensino médio, faculdade, etc.”, então mulher, você não precisa nem ser ex. Você sabe do que eu estou falando, não sabe? Ao menor sinal de crise em suas relações passadas, nunca notou a quantidade de “amigos” que aparecem oferecendo um ombro...bem...amigo? Dizendo que o seu namorado não sabe apreciar o que tem? Que se ele tivesse a sorte de estar com você, ele te trataria como uma princesa? Exatamente.

ESSAS REGRAS SE APLICAM A PESSOAS DENTRO DE CERTO NÍVEL DE NORMALIDADE. Se você faz o estilo Pé Grande, pesa 200 kg, tem bafo, cecê, é estrábica ou metralhada, então é possível que você tenha um amigo de verdade. Eu sei que é cruel, mas não sou eu que faço as regras. Pelo contrário, até as considero bem filhasdaputa. Por outro lado, mulheres julgam os homens de maneira semelhante, senão pior (eu mesmo sou cheio das amigas). That's just the way it is!

Eu sei que é difícil aceitar que muitas das amizades construídas com pessoas do sexo oposto estejam apoiadas em pilares tão fracos e, mesmo que você, mulher, pergunte para o seu “amigão” sobre essas coisas e ele negue tudo, acredite: É TUDO VERDADE! Pode parecer falsidade e oportunismo da nossa parte. No fundo, preferiríamos ser sinceros, seria menos exaustivo. Mas a sociedade nos obriga a jogar o jogo, vocês com suas armas, nós, com as nossas, e a pseudo-amizade, é uma delas!

E como diria Chris Rock...you never know!

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

É Preciso Trabalhar!


Por Conrado Malaquias

Um sábado a noite desses, precisava sair de casa. Eram quase 22 horas, o tempo estava passando e todos os meus amigos ou estavam bundando ou já tinham arrumado outros programas no estilo clássico de Brasília: cineminha ou barzinho. Aprecio um bom filme e uma cerveja com os amigos como qualquer pessoa de bem, mas neste sábado eu precisava de um programa, digamos, mais rock n’ roll, já que tinha acabado de entrar de férias depois de semanas estressantes na faculdade e no trabalho.

Quando já estava me preparando para assumir a derrota e fazer a triste escolha entre Playstation, Legendários e Zorra Total, eis que descubro que um amigo meu que trabalha fora estava em Brasília e tão mal-intencionado quanto eu. Este amigo, P.J, não é daqueles que eu saio sempre, mas sempre que eu saio com ele é para fazer algum programa que eu normalmente não faria.

Fomos desbravar a noite brasiliense então eu, P.J e um terceiro conhecido nosso, que possui o apelido de “Saúde”. Voltaremos a ele depois.

O programa escolhido foi o show do Bruno & Marrone, com abertura de Michel Teló (???) na Granja do Torto (Pra quem queria rock n’ roll...bem-vindos ao cerrado!). Para quem não é de Brasília, a Granja é uma espécie de mini-roça artificial aonde faz muito frio. Em certas épocas, o ambiente também funciona como “casa de shows” para artistas sertanejos.

Cheguei ao local animado, de coração aberto e pronto para conhecer esta realidade, tão popular no Goiás e no Brasil a fora, porque não!? Mas aí eu lembrei que sou um rapaz da cidade e que esta história de mato, chapéu de cowboy, cocô de boi e sofrimento de corno simplesmente não funciona pra mim. E aqui, façamos justiça: muito se fala(ou) dos emos, que são uns frescos, uns chorões. E eles são mesmo, mas em matéria de intensidade e tristeza, uma reunião de CPM22, NX Zero e Fresno é uma tarde ensolarada no parque quando comparado a ouvir Bruno & Marrone cantando “Choram as Rosas”. Sério, próximo do fim do show eu estava me sentindo um pouco deprimido com todo aquele clima...

Minha noite teria sido um desperdício total se não fosse o ocorrido envolvendo ele, O Saúde! Não me entenda mal caro leitor, em tempos em que Justin Bieber é rei, tenho orgulho de fazer parte da última geração de heterossexuais a moda antiga, porém, o cara era realmente bonito. E sabe aquelas histórias que todos nós já escutamos sobre mulheres que chegam nos caras, mas poucos de nós já presenciamos? Pois é, algo impressionante e um pouco revoltante de se presenciar.

Estávamos eu, meu amigo P.J e Saúde conversando, quando uma ninfeta de uns 18 anos, não mais do que sorrateiramente e ignorando a minha presença e a de P.J no local, interrompe a conversa, se coloca no meio da roda, agarra ás suas mãos e pede com toda a suavidade e doçura: “dança comigo?” Saúde, que não estava prestando atenção em muita coisa, com as mãos nos bolsos e aquele ar natural de descolado que esses caras tendem a ter, se faz de difícil: “mas eu não sei dançar!”

Ela responde, toda solícita: “Eu te ensino”

E então eles dançaram e depois de 5 minutos se amaram embalados pelo som de “Dormi na Praça”, “Pra não Morrer de Amor”, “Ficar por Ficar” e outros petardos do estilo bovino-romântico-roçeiro. Eu não sei você leitor, mas o máximo que eu consegui depois de dizer para uma mulher que eu não sabia dançar foi uma expressão de impaciência.

E foi assim, apenas parado ali, curtindo o show e sendo O Saúde que o rapaz fechou este negócio. Pareceu até o que costuma acontecer com...uma mulher!

Mas daí acontece uma reviravolta na trama. Depois de algum tempo de muita conversa e poucas carícias, percebo que a ninfeta começava a demonstrar sinais de insatisfação com o rapaz. Em determinado momento ela se aproxima de mim e declara: “seu amigo fala demais!” Momentos depois, ela avisa O Saúde que iria “ali” com as amigas e que já voltava.


Nunca mais foi vista.

Destaco duas coisas disso tudo. Primeiro, foi bom ver que ainda há um fio de esperança em Brasília. Existem sim mulheres sem frescuras por aqui, que sabem o que querem e vão atrás, mesmo que você tenha que ir buscá-las em um inferninho sertanejo. Segundo, impossível fugir daquele infame senso-comum “deus não dá asa pra cobra, e quando dá, tira o veneno”. A beleza foi suficiente para poupar esforços, atrair e garantir a gatinha. Mas, para mantê-las, é preciso trabalhar! Haja saúde!