segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Havia um tronco no meio do caminho

Por Denílson McLovin*

CARIDADE s.f. (lat. caritas) sentimento ou ação altruísta de ajudar ao próximo SEM qualquer expectativa de obter algum tipo de recompensa.
Essa aventura ocorreu na bela cidade de Búzios, no litoral carioca e tudo parecia colaborar: mulheres bonitas e simpáticas; infra – estrutura de primeira (sim, isto é importante); seguranças gabaritados para coibir furões e pessoas excessivamente alteradas (também é importante, tudo vai melhorando o astral); e quarentinha de consumação que poderiam ser gastos em quatro doses de vodka.
A noite transcorria bem, mas o ambiente começara a ficar intransitável. Então descobrimos que uma parte externa da boate havia sido aberta. Poderia ser a solução para nossa falta de ar e, por que não, para facilitar o sempre complicado contato com o sexo oposto. Depois de um tempo sentados num dos sofás da bela varanda do local, constatamos a presença de um tronco de árvore cortado bem na rota de passagem das pessoas. Sim, um tronco de árvore cortado, com uma altura de uns 40 cm e um diâmetro de 1,5m. Volume suficiente para alguns tropeções e para uma idéia infeliz de uma pessoa alcoolizada.
Pensei: “Espera aí... tem um monte de gente tropeçando naquele pedaço de tronco de árvore. Por que não ajudá-los a desviar? Uma gatinha ainda pode cair no meu colo.” Genial? No máximo bestial. Em primeiro lugar pela definição de caridade (bad karma, diria nosso colega Malaquias) e depois porque se as pessoas desviassem do tronco, elas não tropeçariam e, consequentemente não viriam “direto pros meus braços” (acho que foi essa a expressão que eu usei na hora).
Muito bem, só falta contar a grande idéia para os amigos. Ainda me lembro da ansiedade de todos para colocar o plano em prática (eles também não foram capazes de juntar os pontinhos e chegar à conseqüência lógica do parágrafo anterior) e ao som de berros nos mais variados idiomas (bêbado poliglota é pleonasmo) parecia a entrada em campo de um time de futebol americano... formado por crianças de 10 anos, que saem correndo mas não conseguem rasgar a faixa com o nome do time na saída do vestiário, como manda a tradição.
Já em volta do pedaço de madeira, começamos: “Opaaa!! Cuidado com o tronco aí hein gatiiinhaaa... tudo bem com você”? (Imaginem por favor uma fala um pouco enrolada e um volume de voz um pouco mais alto do que o necessário para a pessoa que está a alguns centímetros de você ouça). Desnecessário dizer que não obtivemos êxito, exceto pelo fato de termos evitado vários acidentes.
Era tarde, e já não demonstrava tanto afinco na altruísta tarefa de evitar desastres com a parte de árvore no meio da boate. Mas continuávamos lá, de bobeira. Parecia que o final da noite não nos reservaria grandes emoções. Porém, não mais que de repente, um jovem, de cujas características não me recordo (guess why), veio com tudo pra cima do tronco. Adivinha quem estava lá para salvá-lo? O rapaz e o seu copo se salvaram, posso garantir. Já o conteúdo do copo, como numa cena de filme, voou em minha direção. Um banho de vodka! Depois de um breve pedido de desculpas, só ouvi gargalhadas... o último colega a parar de rir só o fez no meio da manhã seguinte.


* Denílson McLovin é consultor financeiro e escreve para o blog toda segunda-feira, exceto quando sua timidez impede que qualquer coisa interessante aconteça no fim de semana anterior.

domingo, 18 de janeiro de 2009

Você é BAMBI

Por Conrado Malaquias
Foi uma dessas noites em que estava dando tudo errado. Estava em um bar da cidade aonde as pessoas vão pra dançar e conversar e as mulheres são supostamente mais acessíveis. Porém, os diálogos com o sexo oposto estavam sempre terminando em uma das seguintes variáveis: “Hoje só vim dançar com as minhas amigas”, “acabei de terminar um namoro”, “não estou na vibe”, “SAI DAQUI” e coisas assim...

A situação pedia uma pausa para reflexão, afinal o que estava fazendo de errado? Seria isso cármico? E foi aí que pensei junto ao meu amigo McLovin’: “Vou fazer uma boa ação por você. Tentarei te arranjar uma das mulheres daquele grupo e quem sabe as coisas melhoram pra mim”. Aproximei-me então, de um grupo de três mulheres que estavam próximas e proferi as palavras mágicas:

- Oi, tudo bom com vocês?
E foi nessa hora que a loucura começou. A mulher menos atraente do grupo (surprise!), de baixa estatura e quilogramas a mais, começou a gritar para quem estivesse no local e nas cidades mais próximas:
- OPA, PERAÍ, EU OUVI VOCÊ FALANDO COM SEU AMIGO QUE IRIA FAZER UMA BOA AÇÃO. A GENTE VIROU BOA AÇÃO AGORA É?
- Querida, acho que você entendeu errado. Eu disse ‘boa ação’ sim, mas é porque meu amigo é de outra cidade e está bem tímido de se aproximar das mulheres da cidade. Ele, inclusive, gostou de você. (Tudo mentira, mas no momento de tensão que se desenhava, foi a primeira coisa que consegui pensar).
- SEEEEEI! ESSA HISTÓRIA DE OUTRA CIDADE É VELHA.
Nessa hora chega meu amigo para me salvar da ingratidão humana. Fui dar uma volta, pois meu trabalho ali havia terminado. Pelo menos foi o que eu pensei.
.....

Uns 15 minutos depois passo por perto dos pombinhos que ainda estavam conversando, e a tal da menina me chama: Detalhe importante - estava trajando uma camisa do glorioso tricolor paulista que no dia anterior havia se consagrado hexacampeão brasileiro.
- VEM CÁ...SEU AMIGO AQUI FALOU QUE VOCÊ É MÚSICO, VERDADE? (Sim, ela ainda gritava)
- Ah, sim, eu tenho uma banda e....
- POIS EU NÃO ACHO QUE VOCÊ SEJA MÚSICO NÃO, VOCÊ É BAMBI!
- Tenha uma boa noite.
Ah, esse carma...

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Getting Started...

by Leonardo Zelig

O toco faz parte da vida de qualquer homem, como se fosse uma provação constante que as mulheres nos fizessem passar para testar se aquele seria um genuíno macho alfa ou apenas um vira-lata. Dessas provações, situações tanto hilárias quanto vergonhosas podem ser produzidas: desde um “não” estrondoso até um beijo caliente em público. A verdade é que o toco acaba nos fortalecendo e nos tornando um pouco mais hábeis, ou não, na arte da sedução. Com cantadas e flertes ora eficientes e ora desastrosos, esse membro do grupo que vos fala já passou por bons e maus bocados.
Confesso que os três últimos anos de universitário foram, para o bem E para o mal, deveras produtivos. Eis alguns exemplos:


O Último Beijo da Noite

Certo dia estava porteando um evento de rock, era quase o fim da atração, e as pessoas já se dirigiam para fora do estabelecimento. Confesso que após uma boa rodada de vodka misturada com alguns sucos naturais, estava oscilando entre a cafagestagem de um latin lover barato e a classe de um James Bond paraguaio. Nesse estado peculiar, avisto uma dama de seus 20 anos, esguia, meio hippie,sozinha, fumando de forma casual seu cigarro:
-Olá...
-Olá... – vira-se a mulher olhando com desdém.
-Você por acaso tem fogo?
Ela arqueia a sombrancelha direita (ainda com desdém) e ergue um pequeno isqueiro em minha direção. Então digo:
-Não é esse tipo de fogo que eu estou procurando...
Claramente consternada a figura regurgita com ares de “vê se te enxerga”:
-Não tenho nenhum OUTRO fogo pra te dar, meu filho! – e sai indignada.

Analisando esta situação, logo se pode perceber a falta de tato da hippie no trato dirigido a um galanteador barato como eu. Ela poderia ter diversas reações, desde dar uma agradável risada ou sorriso ou até mesmo entrar na brincadeira. Mas por quê?Por que escolher a opção hostil? Teria sido justificada sua indignação? Onde está o senso de humor feminino desta cidade?

Fast Switch
Sabbatash, madrugada adentro, muitas mulheres ensandecidas pelo FUNK, pessoas aparentemente felizes. Mais uma vez eu entro em cena com um leve torpor causado por pequenas doses da vodka EXCESS (que pode ser encontrada em qualquer supermercado em um sábado a noite pelo formidável valor de R$15,90) pura...

Dizem que cheguei três vezes na mesma garota, mas lá pela terceira dose tudo zerava para mim. A noite estava apenas começando... Aproximei-me da roda da tal garota, belíssima por sinal, que sorria quase que de forma mecânica, porém cortês para receber pela 4ª vez aquele pretendente insistente que a cada abordagem se apresentava novamente e novamente e novamente...

-Olá!Tudo bem?
-Oiiiii!Hheheh
-Eu me lembro de você!
-Eu também!Heheh
-Qual seu nome mesmo?
-Pantene*!E o seu?
-Pantene*?Como a marca de shampoo?
- Hauhauhuahua
-Meu nome é Leonardo!
-Prazer Leonardo!
-Nossa você é uma simpatia! Brasília tá precisando de mulheres como você!
-Sério!As mulheres estão tão grossas assim?
-Nem me fale!Muito hostis... E você o que faz da vida, Pantene*?
-Eu faço arquitetura! E você?
-Direito... Mas me conte da arquitetura! Gosta do curso?
-Amo!Sou apaixonada!
...
Passou uma hora com um papo até bem cabeça para uma noite de funk, com direito a Anish Kapoor, intercâmbio no exterior e Paris Hilton (isso foi uma piadinha). Até que entra em cena a amiga troglodita e mal amada de Pantene*, que atendia pela alcunha de MEL* (Bitter as hell!!) e acaba com tudo:
-Pantene*!O SAULO* está aqui (Saulo era possivelmente o dono, ou filho do dono, de uma famosa loja de roupas da cidade) – Anunciou a fofa amiga de Pantene trazendo SAULO* pela mão como se fosse entregar o pretendente de um milhão de dólares, um daqueles bachelors de reality show.

Pantene* faz “a virada” e se dirige a Saulo*, que após apenas 10 minutos de tolices consegue fazer respiração boca a boca na garota. Eu claramente rodei e a amiga troglodita urrava de satisfação ao ver sua querida amiga “shampoo” se atracar com SAULO*, o cara da loja.

Que conclusões tiro desse evento? Uma conversa alto nível em meio ao som de MC CATRA, numa boate subterrânea, pode não ser uma boa pedida. Afinal, ali a arquitetura de Niemeyer ou as obras de Anish Kapoor não estão em jogo, mas sim sair do zero a zero em grande estilo com endinheirados de preferência. Será que devo abrir uma loja de roupas?

*Nomes fictícios usados para proteger a identidade dos personagens

domingo, 4 de janeiro de 2009

Era uma vez...

Simplesmente um blog pra dividir as experiências negativas das baladas. Em outras palavras, publicar os mais espetaculares, bizarros e grosseiros tocos que já aconteceram (acontecem e acontecerão) nas baladas por esse mundo afora.
Sabe aquela coisa escrota, e totalmente desnecessária, que aquela menina te falou e você não quis contar nem pros seus amigos presentes, por vergonha? Pois é, o lugar pra confessar é este. Queremos sua história, e não o seu nome!
Neste mundinho pra frentex dos blogs, aqui não há dicas de "como fazer" vindas de pseudo pegadores. Pelo contrário, as histórias publicadas neste espaço estarão mais para "como não fazer" e a intenção real é entreter o leitor com as ‘desgraças’ aqui publicadas. Porém, se alguém se sentir ‘ajudado’ pelos supostos erros cometidos no approach, melhor ainda!
Sejam bem-vindos!